ah, os primeiros minutos nos cafés de novas cidades!
a chegada pela manhã a cais ou a gares
cheios de um silêncio repousado e claro!
os primeiros passantes nas ruas das cidades a que se chega...
e o som especial que o correr das horas tem nas viagens...
os ónibus ou os eléctricos ou os automóveis...
o novo aspecto das ruas de novas terras...
a paz que parecem ter para a nossa dor
o bulício alegre para a nossa tristeza
a falta de monotonia para o nosso coração cansado!...
as praças nitidamente quadradas e grandes,
as ruas com as casas que se aproximam ao fim,
as ruas transversais revelando súbitos interesses,
e através disto tudo, como uma coisa que inunda e nunca transborda,
o movimento, o movimento
rápida coisa colorida e humana que passa e fica...
os portos com navios parados.
excessivamente navios parados,
com barcos pequenos ao pé esperando...
álvaro de campos
livro de versos . fernando pessoa. [edição crítica. introdução, transcrição, organização e notas de teresa rita lopes.] lisboa: estampa, 1993.
Fernando pessoa sentado a uma mesa do café e restaurante martinho da arcada em lisboa. O café que existe desde 1778, ficou conhecido por ser o queridinho dos escritores ao longo desses anos.
3 comentários:
Nesta foto encontramos também o seu grande amigo António Botto, um dos grandes poetas portugueses de todos os tempos.
Oi Artur! Obrigada pela informação, vou conhecer mais António Botto.
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