12.5.09

>> a tocadora de viola.

O vídeo abaixo é de um documentário sobre a violeira sul-matogrossense helena meirelles. Não gosto de trailer e esse em especial detestei. Infelizmente tem pouca coisa dela no youtube. Helena meirelles foi uma violeira extremamente talentosa, tinha o dom mesmo. Apresentou-se em um teatro pela primeira vez só aos 67 anos e logo depois gravou um disco. Não teve a vida fácil, desde de criança bateu o pé para ser violeira. Nascida em 1924 no interior do mato grosso do sul, a mulher não tinha opção. Era conhecida por ter o temperamente forte, ser brava e fazer o que o nariz mandava. A encontrei uma vez no saguão de um teatro de são paulo; sorria e parecia bem, e com toda a razão, afinal conseguiu viver do que mais gostava de fazer, tocar viola.

Um trecho da entrevista feita pela jornalista lucy dias para a revista marie claire número 39 de junho de 1994:

'MC - Quando descobriram que você tocava?
HM - Eu tinha uns nove anos. Meu tio tava viajando e parou com a comitiva. Aí mandou eu buscar o violão dele, afinou e começou a tocar. Eu olhei, olhei e falei:"Tio, eu queria tocar uma moda com o senhor". Ele olhou espantado: "Tocar violão?" Expliquei: "É, eu já toco um pouquinho". Ele disse: "Vai buscar o violão lá, sua merda, se você não tocar eu vou te dar uma surra". Fui mais que depressa. Na hora de afinar, ele disse:"Dá aqui que eu afino". Eu disse: "Pode deixar que eu sei". Ele ficou com os olhos arregalados vendo eu afinar. Depois eu falei pra ele solar que eu ia acompanhar. Aí arrematei: "Agora o senhor me acompanha que eu vou solar". "Mas quem te ensinou?", ele me perguntou. "Eu aprendi sozinha vendo o senhor e o Aldo (o irmão) tocar." Daí em diante ele já foi lascando para todo mundo e falando que tinha uma sobrinha que tocava e tocava muito bem. Dali se alastrou para o Mato Grosso.

MC - Seus pais proibiam você de tocar e ameaçavam cortar seus dedos?
HM - Eu dizia: "Corta , que eu toco com os tocos". Eu era capetinha desde criança. Minha mãe não pôde comigo, ninguém me segurou.'

A entrevista inteira está aqui.


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